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Glossário
Expediente
|
Nutrição. |
Avaliando a série histórica dos custos de produção de suínos
no Brasil, em média, a alimentação nas granjas estabilizadas
e de ciclo completo corresponde à 65% do custo. Em épocas de
crise na atividade o valor atinge a cifra de 70 a 75%. Isto
significa, por exemplo, que se a conversão alimentar de rebanho
for de 3,1 e a alimentação representar 70% dos custos de produção,
a equivalência mínima entre preços deverá ser de 4,4 ( o preço
do suíno deverá ser no mínimo 4,4 vezes superior ao preço da
ração) para que o produtor equilibre os custos de produção com
o preço de venda dos animais. Neste aspecto a possibilidade
de auferir lucros com a suinocultura depende fundamentalmente
de um adequado planejamento da alimentação dos animais. Isso
envolve a disponibilidade de ingredientes em quantidade e qualidade
adequada a preços que viabilizem a produção de suínos.
A obtenção de lucros também exige a combinação adequada dos ingredientes para compor dietas balanceadas nutricionalmente, para cada fase de produção, visando atender às exigências nutricionais específicas. Em termos médios, em uma granja estabilizada de ciclo completo,
para cada porca do plantel produzindo 20 leitões ao ano e terminados
até os 105 kg de peso de abate, é necessário dispor de 7.000
kg de ração com um gasto médio de 240 kg de núcleo, 5.260 kg
de milho e 1.500 kg de farelo de soja. Ainda, considerando uma
relação média de 2,8 litros de água potável ingerida para cada
kg de ração consumida, estima-se um gasto anual de 19,6 mil
litros de água potável para cada porca e sua produção.
A aplicação dos conhecimentos de nutrição deve contribuir para
a preservação do ambiente e isto significa que o balanceamento
das rações deve atender estritamente às exigências nutricionais
nas diferentes fases de produção. O excesso de nutrientes na ração é um dos maiores causadores de poluição do ambiente,
portanto, atenção especial deve ser dada aos ingredientes, buscando-se
aqueles que apresentam alta digestibilidade e disponibilidade
dos nutrientes e que sejam processados adequadamente, em especial quanto à granulometria (Referência
n° 37). Em complementação, a mistura dos componentes da ração
deve ser uniforme e o arraçoamento dos suínos deve seguir boas
práticas que evitem ao máximo o desperdício.
Através da nutrição e do manejo da alimentação e da água devem
ser atendidas as necessidades básicas dos animais em termos
de saciedade da fome e da sede, sem causar deficiências nutricionais
clínicas ou subclínicas e sem provocar intoxicações crônicas
ou agudas, aumentando a resistência às doenças. Os animais não
devem ser expostos, via alimentação e água, à produtos químicos
ou agentes biológicos que sejam prejudiciais para a produção
e reprodução. No contexto do bem-estar animal, a nutrição deve
assegurar o aporte adequado de nutrientes para a manutenção
normal da gestação, para a ocorrência de partos normais e para
uma produção adequada de leite que garanta o desenvolvimento
normal dos leitões durante o período de lactação.
Água
Ingredientes para rações
Alimentos essencialmente energéticos
Alimentos energéticos também
fornecedores de proteína
Alimentos energéticos com médio
a alto teor de fibra
Alimentos fibrosos com baixa
concentração de energia e médio teor de proteína
Alimentos fibrosos com baixa
concentração em proteína
Alimentos protéicos com alto
teor de energia
Alimentos protéicos com alto
teor de minerais
Alimentos exclusivamente fornecedores
de minerais
Avaliação dos alimentos
Preparo das rações
Formulação das rações
Pesagem dos ingredientes
Mistura dos ingredientes
Tempo de mistura
Forma física da ração
Arraçoamento
Alimentação à vontade
Alimentação controlada
Alimentação restrita
Manejo da alimentação por sexo separado
|
Água |
|
O suíno deve receber água potável. Alguns parâmetros são importantes para
assegurar a potabilidade e a palatabilidade da água: ausência de materiais
flutuantes, óleos e graxas, gosto, odor, coliformes e metais pesados; pH
entre 6,4 a 8,0; níveis máximos de 0,5 ppm de cloro livre, 110 ppm de dureza,
20 ppm de nitrato, 0,1 ppm de fósforo, 600 ppm de cálcio, 25 ppm de ferro,
0,05 ppm de alumínio e 50 ppm de sódio; temperatura inferior a 20° C.
|
Ingredientes
para rações |
|
Para compor uma ração balanceada é necessário a disponibilidade
e combinação adequada de ingredientes, incluindo um núcleo ou
premix mineral-vitamínico específico para a fase produtiva do
suíno.
Existem várias classes de alimentos quanto à concentração de
nutrientes (Referência n° 17). De uma forma geral, é possível
classificar os ingredientes pelo teor de energia, proteína,
fibra ou minerais presentes. São esses os principais fatores
nutricionais que determinam o seu uso para as várias fases de
vida do suíno (Referência n° 39).
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Alimentos essencialmente energéticos |
|
São os que apresentam em sua composição, baseada na matéria seca,
mais de 90% de elementos básicos fornecedores de energia. São
utilizados em pequenas proporções como o açúcar, gordura de aves,
gordura bovina, melaço em pó, óleo de soja degomado ou bruto ou,
em proporções maiores, como no caso da raiz de mandioca integral
seca.
|
Alimentos energéticos também fornecedores de proteína |
|
São aqueles que possuem, geralmente, valor de energia metabolizável
acima de 3.000 kcal/kg do alimento e, pela quantidade com que
podem ser incluídos nas dietas, são também importantes fornecedores
de proteína. São exemplos: a quirera de arroz, a cevada em grão,
o soro de leite seco, o grão de milho moído, o sorgo baixo tanino,
o trigo integral, o trigo mourisco, o triguilho e o triticale,
entre outros.
|
Alimentos energéticos com médio a alto teor de fibra |
|
Esses alimentos têm energia metabolizável acima de 2.600 kcal/kg
e teor de fibra bruta acima de 6%. São exemplos: o farelo de arroz
integral, o farelo de amendoim, a aveia integral moída, o farelo
de castanha de caju, a cevada em grão com casca, a polpa de citrus,
o farelo de coco, a torta de dendê, o grão de guandu cozido, a
raspa de mandioca (de onde foi extraído o amido) e o milho em
espiga com palha.
|
Alimentos
fibrosos com baixa concentração de energia e médio teor de proteína |
|
Possuem teor de proteína bruta maior que 17%, de fibra acima de
10% e concentração de energia metabolizável menor que 2.400 kcal/kg.
São exemplos: o feno moído de alfafa, o farelo de algodão, o farelo
de babaçu, o farelo de canola e o farelo de girassol.
|
Alimentos fibrosos com baixa concentração em proteína |
|
São os ingredientes que possuem teor de proteína abaixo de 17%,
mais de 6% de fibra bruta e valor máximo de energia de 2400
kcal/kg de alimento. São exemplos: o farelo de algaroba, o farelo
de arroz desengordurado, o farelo de polpa de caju, a casca
de soja e o farelo de trigo.
|
Alimentos protéicos com alto teor de energia |
|
Os representantes dessa classe possuem mais de 36% de proteína
bruta e valor de energia metabolizável acima de 3.200 kcal por
kg de alimento. São exemplos: o leite desnatado em pó, a levedura
seca, o glúten de milho, a farinha de penas e vísceras, a farinha
de sangue, a soja cozida seca, a soja extrusada, o farelo de
soja 42% PB, o farelo de soja 45% PB, o farelo de soja 48% PB
e a soja integral tostada.
|
Alimentos protéicos com alto teor de minerais |
|
A inclusão desses ingredientes em rações para suínos é limitada
pela alta concentração de minerais que apresentam. São exemplos:
as farinhas de carne e ossos com diferentes níveis de PB e a farinha
de peixe.
|
Alimentos exclusivamente fornecedores de minerais |
|
São fontes de cálcio, de fósforo, de cálcio e fósforo ao mesmo
tempo e de sódio. Como exemplos mais comuns temos o calcário calcítico,
o fosfato bicálcico, o fosfato monoamônio, a farinha de ossos
calcinada, a farinha de ostras e o sal comum.
|
Avaliação dos alimentos |
|
Os grãos de cereais e outras sementes variam sua composição em
nutrientes, principalmente em função da variedade, tipo de solo
onde foram produzidos, adubação utilizada, clima, período e condições
de armazenamento. As forrageiras apresentam variação principalmente
com a variedade, a idade da planta, tipo de solo e adubação, clima,
processamento (fenação, ensilagem), além de período e condições
de armazenamento. A principal causa de variação na composição
dos subprodutos de indústria é o tipo de processamento utilizado,
além de variações diárias dentro do mesmo tipo de processamento,
bem como a conservação do produto.
Desta forma, para viabilizar a formulação de rações com base em
valores de nutrientes o mais próximo possível da realidade, deve-se
lançar mão de análises de laboratório, que indicarão a real composição
em nutrientes das matérias-primas disponíveis.
|
Preparo das rações |
|
Para a maioria das fases, uma formulação adequada é obtida com
a combinação dos alimentos energéticos também fornecedores de
proteína com alimentos protéicos com alto teor de energia. A complementação
dos demais nutrientes deve ser feita com os alimentos exclusivamente
energéticos, alimentos protéicos com alto teor de minerais e alimentos
exclusivamente fornecedores de minerais. O uso de aminoácidos
sintéticos pode ser vantajoso na redução de custos da ração, necessitando,
no entanto, orientação técnica específica.
Sempre deverá ser feita a inclusão de premix vitamínico e de micro-minerais.
O Núcleo é um tipo especial de premix que já contém o cálcio,
o fósforo e o sódio, além das vitaminas e micro-minerais necessários,
por isso, na maioria das vezes, dispensa o uso dos alimentos exclusivamente
fornecedores de minerais. Esses produtos devem ser utilizados
dentro de 30 dias após a data de sua fabricação e ser mantidos
em lugares secos e frescos, de preferência em barricas que minimizem
a ação da luz.
O uso de promotores de crescimento nas rações deve atender à legislação
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), bem como atender aos seguintes critérios, simultaneamente:
eficiência do ponto-de-vista econômico; rastreabilidade na ração;
segurança para a saúde humana e animal; ausência de efeitos negativos
sobre a qualidade da carne e compatibilidade com a preservação
ambiental.
Os leitões novos não admitem ingredientes de baixa digestibilidade
ou alimentos fibrosos na dieta, enquanto um alto teor de fibra
na dieta é adequado para as matrizes até os 80 dias de gestação.
Os cuidados com o preparo das rações somam-se aos esforços de
formular uma dieta contendo ingredientes com composição e valor
nutricional conhecidos e atendendo às exigências nutricionais
dos suínos. Qualquer erro em uma ou mais etapas do processo de
produção de rações pode acarretar em prejuízos econômicos expressivos,
já que os gastos com a alimentação correspondem à maior parte
do custo de produção dos suínos.
|
Formulação das rações |
|
Usar fórmulas específicas para cada fase da criação (pré-inicial,
inicial, crescimento, terminação, gestação e lactação) elaboradas
por técnicos especializados, ou que sejam indicadas nos rótulos
dos sacos de concentrados e núcleos. Ler com atenção as indicações
dos produtos e seguir rigorosamente suas recomendações.
Para atender às necessidades diárias de nutrientes de cachaços
adultos, a dieta deve conter, no mínimo, os mesmos níveis nutricionais
de uma dieta de gestação (Tabela 10).
As matrizes em gestação recebem arraçoamento de forma controlada,
razão pela qual é possível preparar uma ampla variedade de rações
com níveis nutricionais diferenciados. Os níveis sugeridos na
Tabela 10 representam um padrão compatível com a recomendação
de fornecimento de ração referida no Capítulo 13. Também podem
ser usados ingredientes fibrosos (alternativos) para alimentar
as matrizes em gestação, devendo, nesse caso, ser revista a quantidade
de ração diária a ser fornecida.
A ração de lactação deve ter alta concentração em nutrientes porque
a demanda em nutrientes para a produção de leite é muito alta.
Os níveis apresentados na Tabela 10 referem-se a um consumo médio
diário de 6 kg de ração por matriz.
Tabela 10. Níveis nutricionais recomendados para as diferentes fases de produção
(Referência n° 12) .
Nutrientes |
Ração Gestação
|
Ração Lactação
|
Ração Pré-inicial
|
Ração Inicial
|
Ração Crescimento |
Ração Terminação
|
Energia metabolizável (Kcal/kg)
|
3210
|
3300
|
3360
|
3300
|
3280
|
3250
|
Proteína bruta (%)
|
13,5
|
18,0
|
18,0
|
16,0
|
15,0
|
13,0
|
Lisina (%)
|
0,60
|
1,00
|
1,40
|
1,15
|
0,85
|
0,72
|
Metionina (%)
|
0,18
|
0,34
|
0,42
|
0,35
|
0,27
|
0,20
|
Metionina + Cistina (%)
|
0,39
|
0,70
|
0,84
|
0,70
|
0,56
|
0,44
|
Treonina (%)
|
0,40
|
0,65
|
0,84
|
0,75
|
0,60
|
0,46
|
Triptofano (%)
|
0,12
|
0,20
|
0,25
|
0,21
|
0,16
|
0,13
|
Cálcio (%)
|
0,75
|
1,20
|
0,90
|
0,85
|
0,72
|
0,50
|
Fósforo total (%)
|
0,60
|
0,85
|
0,75
|
0,70
|
0,60
|
0,40
|
Fósforo disponível (%)
|
0,32
|
0,65
|
0,55
|
0,40
|
0,28
|
0,19
|
Sódio (%)
|
0,15
|
0,20
|
0,15
|
0,15
|
0,15
|
0,15
|
|
Obs:
Os microminerais e as vitaminas necessárias são obtidas pela
inclusão de núcleo ou premix mineral vitamínico na proporção recomendada
pelo fabricante.
A alimentação dos leitões durante o período que ficam na maternidade
e na creche é um dos fatores mais críticos na produção de suínos. Os animais
recebem em curto período de vida dois a três tipos de ração, dependendo da
idade de desmame (Referência n° 09). No
desmame realizado aos 21 dias de idade podem ser fornecidos dois tipos de
ração pré-inicial que são fundamentais para um bom desempenho e que se diferenciam
em termos de qualidade, pela maior digestibilidade dos ingredientes. Para
a formulação da ração pré-inicial 1, recomenda-se o uso de 15% a 20% de soro
de leite em pó, 10% de leite desnatado em pó e 3% a 5% de gordura ou óleo.
Caso tenha disponível farinha de carne ou farinha de peixe de boa qualidade,
pode-se utilizar 5% na dieta em substituição ao leite desnatado em pó.
A ração pré-inicial 2 pode ser preparada com a inclusão de 10% de soro de
leite em pó e 1% a 3% de gordura ou óleo para junto com o milho, farelo de
soja (em limite de inclusão de 12%) e núcleo de boa qualidade para compor
uma ração nutricionalmente adequada para essa fase. A ração pré-inicial
2 deve ser preparada com cuidado especial para evitar os problemas digestivos
e as diarréias do pós-desmame. Isso é possível com o uso de ingredientes
e núcleos dentro das normas de qualidade. O cuidado na escolha de um núcleo
de comprovada qualidade é de fundamental importância para obter sucesso na
produção de leitões nessa fase.
Na fase inicial deve-se formular as dietas tendo como ingredientes base preferencialmente
o milho e o farelo de soja, porém já é possível a utilização de ingredientes
alternativos como, por exemplo, cereais de inverno (trigo, triticale, aveia,
entre outros), subprodutos do arroz, mandioca e seus subprodutos, porém em
níveis de inclusão baixos.
Se houver dificuldade de formular as rações pré-inicial e inicial, contendo
os ingredientes especificados em cada uma delas, a solução é a aquisição
de ração comercial pronta específica para cada fase, sempre de fornecedores
idôneos e que tenham registro no Mapa para a produção e comercialização de
rações. A experiência de outros produtores da região que alcançaram sucesso
com a produção de leitões pode ser importante para identificar os fornecedores
e fabricantes de rações idôneos.
As opções de dietas para suínos na fase de crescimento (22 a 55 kg de peso
vivo) e terminação (55 a 115 kg de peso vivo) são muito variadas. Nessas
fases, pode-se lançar mão de inúmeros alimentos alternativos, os quais poderão
proporcionar uma redução no custo da alimentação, em relação à uma dieta
de milho e farelo de soja.
Recomenda-se que o número de rações na fase de terminação seja aumentado
de 1 para 2 sempre que o peso de abate for próximo a 120 kg. Nesse caso, a
ração terminação 1 será fornecida dos 50 até os 80 kg, contendo os níveis
nutricionais apresentados na Tabela 10 e a ração terminação 2 será fornecida
dos 80 kg até o peso de abate, contendo uma redução de 8% nos níveis nutricionais
da ração terminação 1 exceto para o nível de energia metabolizável que deverá
apresentar um valor de 3.200 Kcal/kg.
|
Pesagem dos ingredientes |
|
Pesar cada ingrediente que entra na composição da dieta, conforme
a quantidade que entra na fórmula. O uso de balanças é indispensável.
Além disso, as balanças devem apresentar boa precisão e sensibilidade,
evitando-se o uso de balanças de vara. A utilização de baldes
ou outro sistema para medir o volume, em vez do peso, não deve
acontecer, pois há erros decorrentes da variação nas densidades
de diferentes ingredientes ou de diferentes partidas de um mesmo
ingrediente.
|
Mistura dos ingredientes |
|
Misturar previamente o premix ou o núcleo contendo minerais e
vitaminas, antibióticos e outros aditivos com cerca de 15kg de
milho moído ou outro grão moído, antes de adicioná-lo aos outros
ingredientes que farão parte da mistura. Essa pré-mistura pode
ser realizada em misturador em "Y", tambor ou ainda com o uso
de um saco plástico resistente, agitando-se o conteúdo vigorosamente
durante algum tempo até notar-se que as partes apresentam-se distribuídas
com certa homogeneidade (Referência
n° 25).
Para misturar os ingredientes usar misturadores. A mistura de
ração com o uso das mãos ou com pás não proporciona uma distribuição
uniforme de todos os nutrientes da ração, ocasionando prejuízos
ao produtor devido ao pior desempenho dos animais. Para facilitar
a distribuição dos ingredientes, coloca-se no misturador em funcionamento,
primeiro o milho moído, ou o ingrediente de maior quantidade indicado
na fórmula, depois o segundo ingrediente em quantidade e assim
sucessivamente. Após aproximadamente 3 minutos de funcionamento
do misturador, retirar cerca de 40 kg da mistura e reservar. A
seguir, colocar no misturador o premix ou núcleo previamente misturado
com o milho e misturar por mais 3 minutos. Finalmente, recolocar
os 40 kg da mistura retirados anteriormente e observar o tempo
de mistura. O misturador deve ser sempre limpo após o uso, tomando-se
toda a cautela para evitar acidentes.
|
Tempo de mistura |
|
O tempo de mistura, após colocar todos os ingredientes, deve ser
o indicado pelo fabricante do misturador. Entretanto, é recomendável
que se determine, pelo menos uma vez, o tempo de mistura na granja
para se ter uma idéia de qual é o tempo ideal. Em geral, o tempo
ideal de mistura, em misturadores verticais, é de 12 a 15 minutos,
após carregá-lo com todos os ingredientes. Porém, há misturadores
verticais que apresentam tempo ótimo de mistura de 3 minutos e
outros de 19 minutos. Daí a necessidade de se determinar o tempo
ideal de mistura. Misturas realizadas abaixo ou acima da faixa
ideal de tempo não são de boa qualidade, uma mesma partida terá
diferentes quantidades de nutrientes, o que acarretará desuniformidade
dos lotes e perdas econômicas para o produtor. As misturas realizadas
acima do tempo ideal acarretam gastos desnecessários com energia
e mão-de-obra.
Aconselha-se que a cada 3 minutos seja retirada e recolocada imediatamente
no misturador uma quantidade de ração, de cerca de 30 kg. Isso
fará com que o material que estava parado nas bocas de descarga
seja também misturado.
|
Forma física da ração |
|
As rações secas destinadas à alimentação de suínos podem ser apresentadas
sob duas formas: farelada ou peletizada. A forma farelada é a
mais usual e é usada nas granjas que misturam as rações na propriedade,
enquanto que a forma peletizada deve ser a preferencial a ser
adotada quando a ração é adquirida pronta. Com a peletização é
observada uma melhoria média em 6,2% no ganho de peso, 1,2% no
consumo de ração e 4,9% na conversão alimentar. O efeito da peletização
sobre a melhoria na conversão alimentar ocorre sob 3 diferentes
modos: redução das perdas; melhoria na digestibilidade dos nutrientes
e menor gasto de energia para ingestão da ração.
|
Arraçoamento |
|
Considerando uma matriz mantida em ciclo completo, o consumo total
de rações por fase produtiva dos suínos durante um ano corresponde
à 11% na gestação, 6% na lactação, 13% pelos leitões na creche,
e 70% pelos suínos no crescimento e terminação. Desta forma, o
manejo da alimentação na fase de crescimento e terminação assume
importância fundamental para o máximo rendimento econômico na
atividade.
Quando avaliado sob o ponto de vista da quantidade de nutrientes
fornecidos aos suínos, em um determinado intervalo de tempo, existem
essencialmente três sistemas de alimentação: à vontade, controlada
por tempo e com restrição.
|
Alimentação à vontade |
|
No sistema de alimentação à vontade, os nutrientes necessários
para expressar o máximo potencial de produção ou ganho de peso
são fornecidos na proporção e quantidade suficiente. A ração está
à disposição do animal para consumo o tempo todo e a quantidade
total consumida depende do apetite do suíno. É o sistema adotado
preferencialmente para leitões nas fases inicial e de crescimento,
visando aproveitar o máximo potencial de deposição de tecido magro
aliado ao máximo ganho de peso.
O consumo médio à vontade na fase de crescimento é de aproximadamente
1,900 kg e na fase de terminação é de 2,900 a 3,100 kg por suíno
por dia, dependendo da genética.
Na Tabela 11 são apresentados, com base no peso vivo, os espaços
mínimos de comedouro para cada suíno alimentado à vontade.
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Alimentação controlada |
|
No sistema de alimentação controlado por tempo, os suínos recebem
várias refeições ao dia que são controladas por determinados períodos
de tempo, nos quais o suíno consome a ração à vontade. Por exemplo,
consumo à vontade por um período de 30 minutos, quando são realizadas
duas refeições ao dia.
|
Alimentação restrita |
|
No sistema de alimentação com restrição, um ou mais nutrientes
são fornecidos na quantidade ou proporção não suficiente para
permitir o máximo ganho de peso. As quantidades são restritas
a níveis abaixo do máximo consumo voluntário e podem ser fornecidas
em uma só vez, ou ser divididas em várias porções iguais durante
o dia. O objetivo da restrição para suínos em terminação é a redução
da quantidade de gordura e o aumento da proporção de tecido magro
na carcaça (Referência n° 08).
A restrição alimentar está baseada na proporção relativa que cada
componente do ganho de peso assume em função da intensidade desse
ganho nas diversas fases de vida do suíno. Durante a fase inicial
(até 20kg de peso vivo) e no crescimento (até 55kg de peso vivo),
a deposição de tecido muscular é alta enquanto a deposição de
gordura é baixa. Com o avançar da idade, a taxa de ganho em tecido
magro atinge um platô, isto é, um nível máximo, enquanto a taxa
de deposição de gordura aumenta, assumindo a maior proporção do
ganho de peso. Assim, na fase de terminação, o objetivo é restringir
o ganho de peso diário, reduzindo uma fração do ganho de gordura,
de modo a não permitir uma deposição excessiva dessa gordura na
carcaça.
Sob condições nutricionais adequadas e para cada genótipo específico,
a determinação do ganho de peso ideal (que maximiza a percentagem
de carne na carcaça) é o ponto de partida que permite a recomendação
ou não da restrição alimentar. Existe uma relação direta entre
deposição de gordura na carcaça e conversão alimentar, porque
o gasto energético para formar tecido adiposo é muito maior do
que para a deposição de tecido magro. Isso implica em que quanto
maior a deposição de gordura, pior é a conversão alimentar.
As diferenças genéticas quanto ao potencial para deposição de
carne ou gordura podem ser observadas quando são fornecidas quantidades
crescentes de energia e nutrientes através da ração aos animais.
Em determinado consumo de ração, linhagens menos selecionadas
atingem seu máximo de deposição de carne, enquanto que linhagens
altamente selecionadas atingem esse máximo com um maior consumo
de ração, propiciando maior deposição diária de carne.
Em sistemas de alimentação convencionais, que não consideram as
diferenças entre os animais quanto ao aspecto genético, pode-se
incorrer em duplo erro. Os animais com baixa taxa de ganho em
carne consomem quantidade de proteínas superior a sua capacidade
de uso, enquanto os suínos de crescimento superior à média podem
não otimizar seu potencial de crescimento devido à limitação na
ingestão de proteína, ou depositar maior quantidade de gordura
como conseqüência de um aumento na ingestão, na tentativa de atender a
sua exigência de proteína/aminoácidos. Está evidente que podem
ser obtidos benefícios, se as características de crescimento próprias
de cada linhagem forem consideradas quando da formulação das dietas.
Na restrição alimentar é necessário que todos os animais alojados
na baia tenham acesso simultâneo ao comedouro e, dessa forma, o
espaço ao comedouro é uma função do peso do animal. A área a mais
que o comedouro ocupa, no caso da restrição, reduz a capacidade
da instalação, podendo alcançar valores de 12% a 17% por baia.
Na Tabela 11 são apresentados, com base no peso vivo, os espaços
mínimos de comedouro para cada suíno criado com alimentação restrita.
Tabela 11. Espaço linear (cm) mínimo de comedouro por
suíno
sob alimentação restrita e à vontade em função do peso vivo.
Peso vivo (kg) |
Alimentação restrita
|
Alimentação à vontade
|
10 |
14.0
|
3.5
|
40
|
22.0
|
5.5
|
50
|
23.5
|
5.9
|
60
|
25.0
|
6.3
|
70
|
26.5
|
6.6
|
80
|
27.5
|
6.9
|
90
|
28.5
|
7.1
|
100
|
29.5
|
7.4
|
|
Manejo da alimentação por sexo separado |
|
O fator sexo, pela ação dos hormônios sexuais, tem efeito sobre
o potencial de crescimento, o consumo voluntário de alimento,
a eficiência alimentar e a qualidade de carcaça em suínos na fase
de crescimento-terminação. A capacidade de deposição de tecido
muscular pelos suínos, quando sob a influência diferenciadora
da atividade hormonal, obedece à seguinte ordem decrescente: machos
inteiros, leitoas e machos castrados. A um mesmo peso de abate
e sob a mesma nutrição, as fêmeas apresentam mais proteína, menos
gordura e menos matéria seca na carcaça quando comparadas aos
machos castrados. Machos inteiros e leitoas depositam menos gordura
no regime alimentar à vontade porque têm maior potencial de crescimento
muscular e maior gasto energético para mantença quando comparados
aos castrados.
Sob o ponto de vista da alimentação, a instalação separada de
machos castrados e fêmeas tem vantagens porque os machos castrados
ingerem mais alimentos e mais rapidamente do que as leitoas e
depositam mais gordura com menor idade, resultando em carcaças
com menor porcentagem de carne.
Quando os animais são alimentados com rações, contendo o mesmo
nível nutricional e abatidos na mesma época, sem estratégia de
peso de abate diferenciado, a instalação dos suínos por diferença
de sexo proporciona carcaças mais magras porque as fêmeas não
sofrerão a competição dos castrados pela ração, atingindo peso
de abate mais cedo. Desta forma, todo lote pode ser abatido com
até uma semana de antecipação o que pode representar, principalmente
para os castrados, um aumento de até 1% na porcentagem de carne
na carcaça.
Se adicionalmente for adotado o arraçoamento diferenciado, aliado
ao peso menor de abate para castrados, o produtor pode garantir
um aumento de 1% a 2% na proporção de carne magra na carcaça, na
média dos animais terminados. Nesta sistemática, as leitoas são
alimentadas à vontade e os castrados com restrição de 5% aos 65kg de peso vivo, aumentando a restrição em 1% para cada 10kg de
peso vivo até chegar à 10% na fase final da terminação. Finalmente,
ainda existe a opção de fornecer dietas diferenciadas por sexo,
aumentando a concentração nutricional na ração das fêmeas. |
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